Sem concentração
Tenho uma raiva dentro de mim. Não consigo controlar. Sentes um aperto, uma dor, uma fome, uma seca, um nada. Perdi o meu avô. Estava doente, já sofria, e eu achava que estava preparado. Afinal não. Enganei-me de tal maneira que agora sinto porrada todos os dias. Não me consigo concentrar. Nada disto está relacionado com o facto de querer correr uma maratona. A dor que sinto agora é maior, do que os 42 quilómetros. A minha fisioterapia terminou no mesmo dia do meu avô. Nem festejei, não há nada para festejar. Provavelmente deveria ter ficado uns dias desligado do mundo, marcado férias e fechar-me em casa. Já fui ver futebol, já bebi umas imperiais que tão mal fazem, já sorri. A minha avó sei que está mais calma, e em paz por já querer ver o sofrimento do seu companheiro. Fui criado com eles antes da escola, e depois na universidade. Até ao final do ano vou ter 92 quilos. Aliás, em setembro já quero 96. Vou ser a melhor versão de mim. Para mim, por ele. ...